Por Nanda Soares
Ele estava andando junto a mim. E eu não lhe dei a mão. Então, meu sonho caminhou devagar e entrou no mar da espera. Agora preciso me arriscar entre as ondas para tentar resgatá-lo.
Durante algum tempo reconheci neste sonho a companhia que sustenta. Sonhos são como bons amigos que nos incentivam. Através desse íntimo amigo eu conheci a motivação. E esta, além de ter altos e baixos, é inquieta. É preciso cuidar sempre, como quem segura o pulso de uma criança na rua.
A motivação pode fugir, mas o sonho te olha nos olhos e vai embora, sem correr. Por isso, a cada minuto, a cada novo ou comum acontecimento em nossas vidas, a motivação precisa ser incentivada, vigiada. E a motivação tem tamanho, adapta-se à realidade em que vivemos, seja na vida pessoal ou profissional. Quando esta cresce, o ânimo cresce, cria-se maior expectativa, mais disposição. Portanto, lembre-se: para o sonho dá-se a mão para caminhar junto, mas por outro lado, segura-se pelo pulso a motivação, senão ela foge.
São inúmeras as formas de enxergar sonhos e motivações. Existem aquelas motivações exaustivas, pelas quais você estará sempre sob constante pressão, pois precisa de respostas. Uma motivação mecânica, cheia de metas que parecem monstros no armário. E não precisa ser assim.
O sonho envolve tudo isso, desde motivação, planejamento e parcerias. Se a motivação demora a ter resposta, ou simplesmente não tem resposta, ela diminui, abaixa, o rendimento cai e ela pode até ser demitida da vida. A motivação é como um botão de liga e desliga, com um controlador de intensidade no meio do caminho. Mas se um sonho não é realizado, fica empoeirado, ou ultrapassado. Ele não diminui, não some. Estará lá no mar esperando resgate, cansado, desidratado. Sonhos são como pessoas queridas, impossíveis de serem deixadas no esquecimento. De repente, ele volta na memória. Aí você tem que lidar com isso: ou se angustia, ou encontra a conhecida nostalgia, ou realiza. Pode ter que fazer ajustes, mas sonhos aceitam adaptações também!
Com certeza já ouviu alguém dizer: “esse era o meu sonho no passado”. Pois bem, é o período em que a realização daquele sonho do passado já não cabe mais no hoje, pois o contexto é outro; a gente vira outro. Estamos em constante mutação e os sonhos não são diferentes. Chega aquele dado momento no qual você precisa se colocar e realmente se arriscar entre as ondas. Não se preocupe, o sonho sabe nadar. Para resgatá-lo é preciso algum esforço, é preciso se molhar, quebrar ondas. Eu sei o que estou dizendo, pois meu sonho certa vez entrou no mar, lembra-se?
O Resgate
Primeiro, você tem que saber nadar. Se não sabe, aprenda, qualifique-se! Você vai precisar ir e voltar por algumas vezes, e o sonho só te observa. O esforço deve ser seu. E se você, com determinação, quiser que ele volte, em algum momento ele vai tentar vir ao seu encontro também. Vai nadar na sua direção, com dificuldade. Quando vocês se encontrarem, não lutem contra o mar. Basta dar as mãos e ter foco para encontrar o caminho certo. As ondas chegarão à praia. Logicamente tem gente que vai longe demais, indo atrás do sonho distante demais. Neste caso, avise o salva-vidas, os bombeiros consultores. Tente resgatá-lo sim, mas não vá sozinha para não se afogar. Saiba reconhecer os riscos. Chame a motivação para te ajudar!
Quando se resgata um sonho do mar, há de se ter uma conversa franca com ele. É preciso abraçá-lo e explicar o motivo de tê-lo deixado de lado. É preciso pegar sua mão, olhá-lo nos olhos e mesmo que tenham de fazer um longo caminho até a casa da realização, você terá uma companhia preciosa, a quem poderá confiar suas esperanças; alguém que se manterá firme e crescerá com você, até a concretização. E não importa o quanto ele tenha que se adaptar, sonhos são elásticos, sabem boiar no tempo, perdoam com facilidade, mas são bem exigentes.
Portanto, aprenda, eduque os monstros no armário, planeje, segure sua motivação pelo pulso, cuide dela: assim terá ajuda para salvar o sonho, caso ele resolva ir nadar no mar.
Crônica para empreendedor@s.