Então é isso. A virtualidade alheia se acomoda onde a real presença deveria estar.
A solidão nunca foi tão real. Mas, no silêncio de um quarto enfeitado de histórias e com o aroma do próprio perfume, boa música e palavras para escrever, essa distância parece trazer certa calmaria. Enquanto isso, por aí, estão as solidões agitadas, disfarçadas nas boates lotadas, com gente bebendo seus copos de coragem.
Ninguém quer ficar sozinho, mas está. O amigo que mora longe, o que casou e adotou uma nova versão de diversão, aquele isolamento em mundos tão restritos e tão supostamente protegidos. Será mesmo que querem o não envolvimento? Será mesmo que a moda é o descompromisso amoroso? Mas, até mesmo o amor tem novos significados. Os amores dos contos de fadas já não fazem tanto sucesso como antigamente, mas nem por isso deixamos de sonhar com príncipes e princesas. Hoje em dia, após pouco tempo de convivência, as pessoas se dão ao direito de tentar mais uma vez, mais uma história, mais um talvez. Parece que estão sempre à espera do que caiba em sonhos fartos de expectativas cinematográficas. Afinal, quem não quer viver uma comédia romântica?
Então é isso, homens e mulheres reclamando da dificuldade de se relacionar. Na verdade, fica o medo da entrega, da intimidade, do contato com a imperfeição, pois, até dado momento, a mágica do “não-problemas, não-compromisso, não-família” está vigorando. Mas é a superficialidade que facilita a distância. Vê-se apenas o bonito, o maquiado. A maquiagem dos homens e mulheres. Tudo anda tão maquiado hoje em dia que quando se deparam com a proximidade, com a cara lavada, as pessoas recuam com medo de enfrentar uma ilusão. Neste tempo e espaço acabam confundindo o real significado de ilusão.
@Nanda Soares – Xícara Conteúdo